|
Saúde
Mental e Psiquiatria
De maneira geral as pessoas têm
medo do sofrimento e desejam pôr fim rapidamente
a qualquer desconforto criado por emoções
e sentimentos. Isto se reflete na formação
e na atuação do médico psiquiatra,
cujo conhecimento é construído a partir
da patogenesia (desordens e alterações
de comportamento) e sua ação é
basicamente intervencionista, valorizando pouco, e até
mesmo desconhecendo, o processo que resulta na saúde
mental.
Apesar disso, muitos psiquiatras já consideram
a saúde mental como o resultado final de uma
complexa interação multidimensional de
fatores biológicos, psicológicos, sociais
ou filosóficos e espirituais. Consideram ainda
que a doença mental é resultante de uma
falha na avaliação e na integração
da experiência e os sintomas apresentados refletem
a tentativa do Eu para superar os estágios iniciais
do desenvolvimento e integrá-los num nível
superior de consciência.
Esta nova abordagem sugere a limitação
do uso de medicamentos psicotrópicos, propondo
tratamentos individualizados que integrem e desenvolvam
plenamente a identidade, possibilitando a ampliação
dos horizontes de cada pessoa. |
Quando o todo se encontra em mau estado, é
impossível que a parte se comporte bem...
É da alma que vêm para o corpo e para
o homem, na sua totalidade, todos os males e todos
os bens. É pois da alma que é preciso
desde logo cogitar, tratando-a antes de tudo.
Platão
(Charmides) |
|
Abordagem
da Saúde Mental
Até o século XVIII
“os loucos” conviviam em instituições
fechadas juntamente com leprosos, prostitutas, ladrões,
vagabundos, etc. Com a Revolução Industrial,
foi necessário recrutar toda mão de obra
disponível, permanecendo nas instituições
apenas aqueles que não conseguiam ser utilizados
como força de trabalho. Essas pessoas precisavam
ser cuidadas e surge então a figura do médico
psiquiatra.
O avanço da ciência pôde estabelecer
as causas e os procedimentos terapêuticos de muitas
alterações mentais de etiologia orgânica
como, por exemplo, os estados degenerativos, os tumores
cerebrais e a má nutrição, o que
induziu os pesquisadores a buscar causas orgânicas
para todos os distúrbios e a desenvolver drogas
especificamente ativas (como os tranqüilizantes,
antipsicóticos, antidepressivos etc.) capazes
de suprimir, de forma indiscriminada, os sintomas presentes
nos estados não-comuns de consciência,
interferindo nas atividades espontâneas de cura
do organismo.
Pesquisadores clínicos, entre os quais o Dr Morris
Netherton, avaliam que setenta a oitenta por cento das
doenças mentais têm sua origem em vivências
internas (gestação, parto ou experiências
subjetivas). |
Carregamos conosco o passado problemático
como sombras não- resolvidas e restos não-digeridos.
Em nossa personalidade presente, ecos do passado
nos assombram, principalmente inconscientes, com
fragmentos de vozes, sentimentos e impressões
de há muito tempo.
Hans TenDan,
em Cura Profunda |
|
O
Tratamento
A Psicologia Integral conceitua o
Homem como um ser físico, emocional, social e
espiritual. Sendo assim, o
diagnóstico é importante na medida em
que determina a área ou áreas que se encontram
desajustadas e define intervenções e indicações
de forma mais eficiente. O ponto decisivo é a
questão da “história” da pessoa,
pois revela o pano de fundo do sofrimento humano e somente
aí pode intervir a terapia do médico.
Para que a cura seja possível, é necessário
expurgar toda dor e todo sofrimento, seja ele objetivo
ou subjetivo. Quanto aos psicotrópicos, se forem
indicados com precisão, ajustados a cada caso,
pelo menor tempo possível e em doses mínimas,
podem ser benéficos durante o processo agudo
do desequilíbrio, possibilitando à pessoa
estar mais aberta e mais tranqüila para buscar
a causa de seu sofrimento. Mas não deveriam ser
empregados como único tratamento, já que
não tem poder para atuar na base emocional do
distúrbio, podendo por isso, cronificá-lo.
|
|
|